GAROTO EU FUI PRA CALIFÓRNIA

Publicado originalmente em 10/08/2018 no LinkedIn

Estou em um momento de mudança de vida profissional. Após 20 anos trabalhando no mercado financeiro, decidi buscar novos caminhos, fui conhecer o Vale do Silício e resolvi escrever para compartilhar algumas das lições que, para mim, serão fundamentais para o futuro.

Primeira lição: Vivenciei um ambiente que, ao mesmo tempo, é muito competitivo, porém também colaborativo. É esta combinação que permite a ampla troca de conhecimentos, informações e potencializa a jornada empreendedora.

O cliente está sim no centro de tudo! Ele nos auxilia a desenvolver e melhorar o produto. Não podemos ter a pretensão de conhecer o que ele deseja sem escutá-lo antes e durante a vida de nosso produto ou serviço. Daí vem a segunda lição, de Reid Hoffman, fundador do LinkedIn – “se você não tem vergonha da primeira versão do seu produto, ele foi lançado tarde demais”. Tommaso di Bartolo comentou também a questão do “start before you start”. Gere engajamento com os clientes mesmo sem ainda ter um produto. Teste, pergunte!

Propósito, inovação, disrupção. Palavras que vêm sendo inseridas no mundo dos negócios, mas será que de forma autêntica ou para aparecer nos quadros e formulários das grandes corporações? No Vale percebe-se que estas não são somente palavras, e sim o espírito que guia os empreendedores, com histórias de superação e visando influenciar positivamente o mundo! Daí veio a terceira lição. Para que tudo isso aconteça no Vale, existe um outro tempero: a diversidade. Mais de 50% dos moradores de São Francisco são estrangeiros, resultado da corrida ao ouro que aconteceu no século XIX. Pensamentos e culturas diferentes estimulam discussões e provocam inovação.

Muitos de nós temos ideias e, muitas vezes, ficamos presos a elas até que, quando nos damos conta, alguém “foi lá e fez”. A quarta lição foi esta – ideias não valem nada se não saírem do papel e forem executadas! O ambiente do Vale, que reúne rebeldia (pessoas inquietas), conhecimento (universidades fortes, mentoria, etc.) e capital (investidores anjos, venture capital), estimula que as ideias saiam do papel.

"aprender, desaprender e aprender" Alvin Toffler

O futuro do trabalho foi outro tema muito discutido. Como será nossa vida profissional? Aquele modelo que a maioria de nós vive - o de aprender, trabalhar e se aposentar deve mudar radicalmente. Teremos mais trabalhos durante nossa vida, a capacidade de desaprender e reaprender inúmeras vezes e, ao mesmo tempo, aproveitar nossa família, amigos, hobbies. Não se espera mais uma aposentadoria nos moldes que temos hoje e sim pessoas que serão produtivas durante toda a vida. Quinta lição e, talvez, a que mais me fez pensar em como será meu futuro e dos meus filhos.

Enfim, foi uma semana inspiradora, onde conheci pessoas sensacionais e que, certamente, mudaram a forma como penso. Voltei disposto e motivado a empreender, o que, até então, nunca havia passado pela minha cabeça. Sei que vivemos em um país muito diferente e que não temos todo o ecossistema do Vale do Silício, mas creio que temos que nos unir e seguir, pois com o empreendedorismo, conseguiremos construir um Brasil diferente.