REFLEXÕES SOBRE TRABALHO

Fonte: Canva

Eu defino minha família, que não é grande, mas faz muito barulho, como minha jóia. Sou muito sortudo por ter escolhido (e elas a mim) estas pessoas para esta passagem nesse mundo! É uma crença? Sim, pode ser, mas escolho conscientemente mantê-la.

Qual a relação disso com o trabalho? Total, na minha opinião. Para quem não sabe, minha mãe morreu quando eu tinha 16 anos. Esta vivência me marcou para muitas decisões que tomei no futuro, em especial vinculadas ao trabalho.

Trabalhei durante 20 anos em ambientes competitivos e, até certo ponto, hostis. Via comportamentos que não condiziam com a minha realidade e com meus pensamentos, porém durante muito tempo pensei "ah, é isso, preciso trabalhar para acumular, viver bem, ter família, filhos...". Confesso que, pelo contexto, me saí até que bem pelo tanto que consegui me manter afastado do sistema. Não me deixei corromper pelos comportamentos alheios e sempre buscava apoio na família nos momentos difíceis.

Me casei, Maurício e Cibele vieram e, após um tempo, uma separação complicada. Naquele momento, algumas fichas começaram a cair, dentre elas a vontade de mudança de vida. De imediato, comecei a dedicar o tempo como prioridade para a convivência com meus filhos, que se mudaram para o ABC. Sextas-feiras, até hoje (já se vão 9 anos), são sagradas para mim. Foram pouquíssimas as vezes que não os peguei na escola e almoçamos juntos antes de virmos para São Paulo. Considero este um dos momentos mais importantes da minha vida.

Cinco anos depois, finalmente fiz o movimento de saída do mercado financeiro (contei um pouco já em outros textos) e parti rumo ao desconhecido. Confesso que estão sendo os anos mais desafiadores e libertadores da minha vida em alguns aspectos: i) enfim conheci o que é chamado de incerteza; ii) também conheci o significado de não vender meu tempo e sim minhas capacidades; iii) descobri que existem possibilidades que não vemos diante dos cabrestos que nos são colocados durante a vida e iv) a vida pode ser vivida com mais sentido!

Minha provocação é sobre como estamos construindo nossa jornada e qual a nossa relação com o trabalho. Tenho conversado com várias pessoas que me perguntam como consegui fazer essa mudança, se existe vida fora do mercado financeiro, que sou louco, etc. O que sempre digo é que, felizmente, não existe receita de bolo e sim temos que dedicar tempo para refletirmos no que é importante para cada um. Prestar atenção para onde vai nossa atenção. Quando saímos do automático, começamos a retirar os cabrestos e ver a vida em todas as suas potencialidades. É esse o convite que faço a todos. Passem a efetivamente sentir e refletir sobre a vida, buscando e vivendo seus sonhos, e não o dos outros.